O Deus da Paz vos conceda a santidade perfeita; e que o vosso ser inteiro, o espírito, a alma e o corpo, sejam guardados de modo irrepreensível para a vinda do Nosso Senhor Jesus Cristo. (1 Tess. 5, 23)
Os sofrimentos e as doenças dos homens sempre foram consideradas entre as maiores dificuldades que atormentam as suas consciências. Mas aqueles que professam a fé cristã, embora as sintam e experimentem, são ajudados pela Luz da fé a compreender melhor os mistérios da dor e a suportar com maior fortaleza os próprios sofrimentos. Pois, não só conhecem, pela palavra de Cristo, o valor e o significado da doença para a salvação própria e do mundo, como não ignoram a predilecção que por eles teve Cristo, que tantas vezes visitou e curou os doentes.
A doença, ainda que intimamente ligada à condição do homem pecador, não se pode considerar, de modo geral, como castigo infligido a cada um pelos próprios pecados, como diz Jesus Cristo no Evangelho de São João.
Além disso o próprio Cristo, não tendo pecado, e cumprido o que está escrito no Profeta Isaías, suportou na sua Paixão toda a espécie de sofrimentos e tomou parte em todas as dores dos homens. Cristo é crucificado e sofre nos membros configurados com Ele quando nós suportamos tribulações. Estes sofrimentos, no entanto, tornam-se leves e momentâneos comparados com o grau de glória eterna que a nós produzem.
Com esta designação tripartida da pessoa (espírito, alma e corpo) surge uma nova antropologia na qual importa salientar não o tripartidismo da mesma mas sim, e sobretudo, o olhar a pessoa na sua totalidade e na sua situação histórica existencial. Por um lado, como criatura de Deus limitada e finita e, por outro, neste ser de relação com Deus.
Cristo é aquele que revela e comunica o verdadeiro sentido da existência humana, compreendido como a nova criatura, o homem novo ou o ser-se em Cristo ou com Cristo. A existência humana é determinada ou pela carne ou pelo espírito como iremos ver ao longo desta exposição.
Faz parte do plano divino da Providência que o homem lute arduamente contra todas as enfermidades e que procure também com solicitude o bem da saúde; e a procura da cura faz parte da natureza humana. Ao mesmo tempo esta procura da cura deve também exprimir não só a busca da saúde mas também fazer despertar a competência do cristão em saber lutar contra a doença e em dar testemunho às coisas essenciais e superiores.
A vida mortal dos homens só é salva pelo mistério da morte e ressurreição de Cristo.
A procura da cura será sempre acompanhada pelas intercessões, isto é, pelos pedidos a Deus, aos Santos, aos Patronos e Padroeiros, bem como a todos aqueles que fazem parte naquilo que parece útil ao corpo e à alma. Assim se cumprirá a palavra de Cristo que mandou visitar os doentes e olhar para os mais fracos e frágeis da sociedade pondo em prática a lei máxima de Deus que é a Lei do Amor.
Recebida a cura, naturalmente, dá-se graças, a Deus, ao intercessor e àquele que ajuda a cura.
Que esta exposição nos leve a contemplar todos estes mistérios, os da debilidade, mas sobretudo o da vida.